Fonte: Agência Estado
BARCELONA - O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, renunciou nesta quinta-feira ao cargo. Acusado de ter sonegado o valor real da contração de Neymar, muito mais cara do que o revelado, o dirigente se reuniu nesta noite na Espanha com a junta diretiva do clube e entregou o cargo de forma irrevogável, conforme anunciou em entrevista coletiva.
Depois de enumerar suas conquistas à frente do Barcelona, clube que ele presidia desde julho de 2010, o dirigente, em discurso lido todo em catalão diante de centenas de jornalistas, afirmou que renunciava ao cargo para preservar o clube e também a sua própria família.
"Esta época de êxito teve também momentos sofridos. Ser presidente significa colocar em risco a minha própria família. Nos últimos tempos, abriram um processo contra mim por apropriação indevida e acusam que a contratação de Neymar foi irregular. Tenho que ser compatível com a defesa do clube. A confidencialidade é essencial no mundo do futebol, caso contrário pode prejudicar o clube", explicou ele.
"A junta diretiva é quem lidera o clube. Não quero que ataques injustos contra mim prejudiquem a imagem do clube. Acabo de apresentar minha demissão à junta diretiva. De acordo com os estatutos, José Maria Bartolomeu, vice-presidente, assume a presidência imediatamente e fica até 2016, quando serão convocadas novas eleições. Foi uma honra, um privilégio ter sido presidente do Barcelona. Desejo o melhor ao novo presidente", disse ele, completando o discurso.
DENÚNCIA
A justiça espanhola confirmou na quarta-feira que vê evidência de um crime na contratação de Neymar pelo Barcelona e solicitou que o próprio jogador, a Fifa, o Santos e o Barcelona apresentem as documentações sobre a negociação.
Nos supostos contratos secretos estariam 8,5 milhões de euros que iriam para o pai de Neymar. O Barcelona ainda teria pago 7,9 milhões para reservar eventuais promessas que surgissem no Santos e mais 9 milhões de euros para jogar um amistoso contra o clube. A essa conta ainda deveriam ser somadas comissões para a realização de projetos sociais nas favelas, num valor de 2,5 milhões de euros. Outros 2 milhões seriam usados para buscar novos craques no Brasil, além de 4 milhões de euros para atrair investidores brasileiros. Desse valor, outros 5% de comissão ao pai de Neymar.
NA FIFA
Antes de todo o imbróglio com relação à compra de Neymar, Rosell já estava no centro de outros escândalos, todos com pelo menos uma perna no Brasil. Sócios dele teriam sido intermediários no maior escândalo de corrupção na Fifa, com o pagamento de propinas a Ricardo Teixeira e João Havelange pela empresa de marketing ISL.
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